domingo, 15 de março de 2009


Ficaste para sempre
Regina Romeiro

Ficaste em mim para sempre
Costurado
Entre meus mais íntimos segredos
Deixaste tua marca cravada
Como mordida na maçã

Nos pêssegos as palavras dos versos
Nos subterrâneos, estalactites pendem
Pedem tua presença
Chorando escorrem vagarosamente
Tecendo continuamente o para sempre

Deixaste-me, mas saiba que ficaste
Para sempre

sábado, 14 de março de 2009





Calo
Regina Romeiro

A noite vagueia
Sem vaga alguma
Para queixumes

Noites são feitas
Para trabalho
Nas fábricas, nas vigilâncias,
Nos bares onde outros se divertem

Vaga-lumes
De barrigas luminosas
Sugam raízes decompostas

Formigas operárias cumprem
Além do horário e função
A luz forte cega a ruiva aurora

Quando o uivo do cão silencia
O galo canta
Saltam penas aos olhos
Calar os calos dos pés operários

Cala nos ouvidos
O canto dos fieis da procissão
Andor e dor passo a passo
No mesmo compasso

O santo é de barro
O mesmo barro da criação
Dos homens
Dos bons e maus

O barro que molda santo, um dia pode quebrar
O barro do homem
Degenerar






Atos e fatos
Regina Romeiro

Entre o crer e o não crer
Os fatos
Apenas fatos e atos
Com efeito espera-se
Atos próprios
Resultam impróprios
Inadequação dos atos
Reflexo anverso
Complexos versos
Revistos os fatos
Ação re_visão dos atos
Visão dos fatos
Distratos ou novos atos