sábado, 14 de março de 2009





Calo
Regina Romeiro

A noite vagueia
Sem vaga alguma
Para queixumes

Noites são feitas
Para trabalho
Nas fábricas, nas vigilâncias,
Nos bares onde outros se divertem

Vaga-lumes
De barrigas luminosas
Sugam raízes decompostas

Formigas operárias cumprem
Além do horário e função
A luz forte cega a ruiva aurora

Quando o uivo do cão silencia
O galo canta
Saltam penas aos olhos
Calar os calos dos pés operários

Cala nos ouvidos
O canto dos fieis da procissão
Andor e dor passo a passo
No mesmo compasso

O santo é de barro
O mesmo barro da criação
Dos homens
Dos bons e maus

O barro que molda santo, um dia pode quebrar
O barro do homem
Degenerar

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