quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Milagre



Milagre
Regina Romeiro

Peço o milagre da presença peço um sinal à vista
Nos meus olhos um milagre aconteça para que possa enxergar a vida
Enxertar-me em teus braços como galho viçoso a desabrochar
Botão se abra e outros botões se mostrem, padeço ainda da espera

Compadeço-me desse corpo que desaguado aguarda. Em solidão observa
Silêncio.
Desassossego que deu vez a apatia
Que uma mudança ocorra em tempo no modo, na lentidão do vento e das águas

Onde anda o mar, os mangues, os barcos, as estrelas e as luzes dos pirilampos?
A água doce não corre mais por esse tempo, esse tempo seco de palavras, de olhos nos olhos
A mina... ah a mina aguarda ser procurada, provocada para verter
A mina que apura o gosto do mar com gosto. Que saboreia a confluência

Inércia invade essa falta e falta o milagre, o sinal de algum acontecimento
Tudo se faz oco nesse corpo que já vibrou, encantou se encantou foi confluente
Foi amante ao som de cânticos
Foi harmônico ao som do samba carregado de desejos loucos

Insanidade no querer o milagre ou lucidez da constatação da falta?
O corpo não sabe responder nem mesmo o coração e o sentimento verte no corpo
Na procura da mina de água
Onde anda meu tesouro é a razão da necessidade do milagre à vista


Publicado no Recanto das Letras em 05/11/2009

Código do texto T1907038

http://recantodasletras.uol.com.br/poesiasdeamor/1907038

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