quinta-feira, 29 de abril de 2010
O tempo não pára
fotografia por: rgonçalves
O tempo não pára
Regina Romeiro
Da mudança foram três anos e ainda jaziam caixas como velhos baús
Nelas enterrados: biquínis, cangas, fantasias de carnaval dos velhos tempos
Os quadros de que mais gostava empapelados
Melhores louças, taças
Embalados em papéis de seda, sepultados
O tempo passara, como sempre, pois tempo não pára
Tempo bom ou mau anda, comanda, marca
E não chama, há que se tocar com o tempo
Há que desfrutar, amar, odiar por um tempo para melhor passar o tempo
Tropeçar e chutar o balde, mas em tempo
Amadurar o tempo, cantar no tempo, ler, compreender
Mas sem esquecer o tempo
As caixas foram esquecidas, os pacotes, as sedas
O coração, o corpo
Tudo esquecido dentro do tempo
Porão cheirando a guardado, sedas amareladas
Vida descuidada, tempo escoado
Decidira mexer, mudar, renovar
Abrir o quarto que permanecera trancado
Conferir os salvados, jogar os perdidos, mofados, manchados
Balanço:
Entre perdas e ganhos, mais perdas
Jogara com o tempo a seu desfavor
Ficara mais velha, meio triste, pesada
Não era a mesma e não sabia mais usar as fantasias
Muitas peças ao lixo, outras ao sol
Outras para tentar tirar marcas do tempo guardado
Tempo que não dá trégua
Amanhã, se amanhecer um lindo sol é necessário aproveitá-lo
Se chover, chorar
Chorar é bom e o sol sempre aparece e quando ele chegar o bom em tempo é secar as Lágrimas e se derreter
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